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O Meu Depoimento - António de Oliveira Salazar - 1949

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⁣O Meu Depoimento



Saudação e Agradecimentos ao Porto



Minhas Senhoras e meus Senhores:



Não venho ao Porto em qualidade oficial há cerca de quinze anos. Neste espaço de tempo tenho no entanto sentido muita vez, mirando-a de além-rio, a estranha fascinação da urbe, na força bruta e na severidade do lugar onde se alcandora, na majestade do Douro, que a estreita e defende, nas tradicionais qualidades de trabalho e honestidade da sua gente. Conheço alguma coisa dos seus problemas, sigo com interesse os seus anseios e tenho procurado ver com os meus próprios olhos os seus progressos e necessidades. De sorte que aquele facto nada significa, mas nele reside o motivo de só agora poder agradecer o carinho e entusiasmo com que então me acolheram e a mais esplendorosa recepção a que alguma vez assisti e me foi feita nesta mesma casa. Porventura estará aí também uma das razões que levou a escolher o Porto para esta Conferência da União Nacional.



Fins da Conferência



A Conferência destina-se a expor às forças políticas do regime certo número de problemas da actualidade portuguesa nos domínios político, social e económico; e, como primeiro acto duma campanha eleitoral, a fazer solenemente a proclamação do candidato à Presidência da República. Esta segunda finalidade não valeria a pena visá-la, tratando-se do Senhor Marechal Carmona, que, há mais de vinte anos na chefia do Estado, é o mais nobre expoente do regime e o mais sólido fiador do pensamento do 28 de Maio. Ela não traduz mesmo fielmente a realidade, porque de facto a próxima eleição presidencial não se limita a escolher um dentre dois candidatos, mas, pela força das coisas, a escolher um dentre dois regimes. Por mais estranho que o caso se apresente, por mais objecções que possam levantar-se a esta atitude, por mais contrário a princípios elementares da estratégia, nós vamos desta vez, e por uma vez, aceitar a luta no terreno marcado pelo inimigo. No debate desvanecem-se necessariamente as figuras dos contendores, seja qual for o relevo dos seus méritos; apenas sobressaem os princípios que representam. Em tão graves circunstâncias não devia faltar com o meu depoimento. Posso eu fazê-lo sincero, honesto, desinteressado?



I – Eu Posso Fazer Um Depoimento



Devo à Providência a graça de ser pobre: sem bens que valham, por muito pouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugares rendosos, riquezas, ostentações. E para ganhar, na modéstia a que me habituei e em que posso viver, o pão de cada dia não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou em comprometedoras solidariedades. Sou um homem independente. Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formar partido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação e os limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante de quem tantos se curvam no Mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção. Se lhes defendo tenazmente os interesses, se me ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposição da minha consciência de governante, não por ligações partidárias ou compromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, um homem livre. Jamais empreguei o
insulto ou a agressão de modo que homens dignos se considerassem impossibilitados de colaborar. No exame dos tristes períodos que nos antecederam esforcei-me sempre por demonstrar como de pouco valiam as qualidades dos homens contra a força implacável dos erros que se viam obrigados a servir. E não é minha a culpa se, passados vinte anos de uma experiência luminosa, eles próprios continuam a apresentar-se como inteiramente responsáveis do anterior descalabro, visto teimarem em proclamar a bondade dos princípios e a sua correcta aplicação à Nação Portuguesa. Fui humano. Penso ter ganho, graças a um trabalho sério, os meus graus académicos e o direito a desempenhar as minhas funções universitárias. Obrigado a perder o contacto com as ciências que cultivava, mas não com os métodos de trabalho, posso dizer que as reencontrei sob o ângulo da sua aplicação prática; e, folheando menos os livros, esforcei-me em anos de estudo, de meditação, de acção intensa, por compreender melhor os homens e a vida. Pude esclarecer-me. Não tenho ambições. Não desejo subir mais alto e entendo que no momento oportuno deve outrem vir ocupar o meu lugar, para oferecer ao serviço da Nação maior capacidade de trabalho, rasgar novos horizontes e experimentar novas ideias ou métodos. Não posso envaidecer-me, pois que não realizei tudo o que desejava; mas realizei o suficiente para não se poder dizer que falhei na minha missão. Não sinto por isso a amargura dos que merecida ou imerecidamente não viram coroados os seus esforços e maldizem dos homens e da sorte. Nem sequer me lembro de ter recebido ofensas que em desagravo me induzam a ser menos justo ou imparcial. Pelo contrário: neste país, onde tão ligeiramente se apreciam e depreciam os homens públicos, gozo do raro privilégio do respeito gerai. Pude servir. Conheci Chefes do Estado e Príncipes e Reis e ouvi discretear homens eminentes de muitas nações, ideologias e feições diversas sobre as preocupações de governo, os problemas do Mundo ou as dificuldades dos negócios. Pude comparar. E assim, sem ambições, sem ódios, sem parcialidades, na pura serenidade do espírito que procura a verdade e da consciência que busca o caminho da justiça, eu entendo que posso trazer ao debate um depoimento - depoimento sincero e, senão convincente, ao menos vivido e desinteressado. Mas porque outros oradores versarão de modo especial muitas questões que teriam aqui lugar, limitar-me-ei a quase só fazer o apontamento das posições fundamentais.



II – O Regime e a Nação



Falo só de Portugal e
para portugueses, pelo que a primeira realidade política a considerar neste
debate e a Nação e o que a Nação representa para o regime. Questão talvez
ociosa em tempos de unidade espiritual; hoje, questão primacial sobre que do
outro lado se não podem tomar com unanimidade as posições que temos afirmado
sempre.

Possivelmente para
alguns associação transitória ou permanente de interesses materiais, a Nação é
para nós sobretudo uma entidade moral, que se formou através de séculos pelo
trabalho e solidariedade de sucessivas gerações, ligadas por afinidades de
sangue e de espírito, e a que nada repugna crer esteja atribuída no plano
providencial uma missão específica no conjunto humano. Só esse peso dos
sacrifícios sem conta, da cooperação de esforços, da identidade de origem, só
esse património colectivo, só essa comunhão espiritual podem moralmente
alicerçar o dever de servi-la e dar a vida por ela. Tudo pela Nação, nada
contra a Nação - só é uma divisa política na medida em que não for aceite por
todos. E de facto não é.

O comunismo soviético,
multiforme na sua identidade doutrinal, perfilha o nacionalismo na Ásia e o
internacionalismo na Europa. Os vastos movimentos que no Extremo Oriente
irrompem em altas labaredas podem atribuir-se a causas diversas, e certamente
as têm na sua eclosão, mas encontram na Rússia, por sistema, simpatia, auxílio,
protecção. Se ali triunfa, não tardará muito que deite o fogo à África.

No entanto na Europa, a
concepção orgânica russa em relação à sociedade internacional não vai, por ora,
além da existência de uma suserania tão absorvente que as autonomias nacionais,
em teórica cooperação, desfalecem, e com elas se vai sumindo no nivelamento
geral o que as nações representavam de cultura, vida criadora e espírito
próprio. As destruições morais do comunismo, mesmo no seio dos países que não
domina, com a ideia capciosa de debelar as guerras e de firmar a paz, ideia
aceite por espíritos simplistas ou inteligências comprometidas, são já tão
grandes que podem fazer vacilar o Ocidente. O comunismo faz a defesa, mais que
a defesa, a apologia do antinacionalismo, mas, incoerentemente, subordina os
interesses da comunidade nacional aos de uma soberania estrangeira que lhes é
hostil.

Este doce país que é
Portugal - pequeno na Europa, grande e dilatado nos outros continentes, como
árvore que, alimentando-se da seiva lusitana, espalhasse longos ramos a sóis
diferentes e à sua sombra abrigasse as populações mais diversas, todas igualmente
portuguesas -, este pequeno país não pode, no 9.° século da sua história,
duvidar da sua realidade de nação. Esta realidade, em que englobamos a
independência, a unidade orgânica e a missão civilizadora, é um pressuposto ou
ponto de partida e foge a toda a discussão. E daqui este corolário: quem não é
patriota não pode ser considerado português. Gostaria de saber se da Oposição o
problema pode ser definido em iguais termos.



III – O Regime e o
Governo



O agregado nacional tem
necessidades que hão-de ser definidas e satisfeitas através do Estado, que é a
sua organização política. A ordem não é produto espontâneo das sociedades mas
filha da inteligência e da autoridade. Esta exerce-se por intermédio de vários
órgãos especializados, e todos nobres e indispensáveis na sua função; mas não
pode haver dúvidas de que o verdadeiro fulcro da autoridade, o centro propulsor
de um Estado, a medida da sua eficiência e poder encontram-se no governo. «Não
há Estado forte onde o governo o não é.»

A função de governo
assemelha-se a uma função de seleccionação e de síntese, porque lhe é
necessário interpretar as aspirações nacionais, averiguar da sua profundeza e
conveniência, determinar dentre as possíveis a melhor soiução dos problemas e
integrar esta no quadro dos princípios gerais que informam a acção governativa.
A acção desenvolvida será tanto mais lata quanto maior for a homogeneidade de
pensamento, de doutrina, de moral política que se encontre no governo; e será
tanto mais fácil e eficaz quanto mais elevado for o grau de unidade nacional.
Até aqui não deve notar-se divergência de vulto com os inimigos do regime.

A divergência surge -
nós tocamos aí um problema básico - quando se procura definir onde deve
colocar-se o que chamaremos, fora de todo o rigor científico mas de maneira
compreensiva, a sede da autoridade dominante. A rotura do equilíbrio mais bem
concebido é sempre possível e importa a designação da entidade arbitral. A
tendência nos regimes parlamentares é para localizar a sede da autoridade
dominante numa Assembleia eleita por votos de tipo individualista e base
partidária.

A sequência lógica dos
acontecimentos tem visto passar esta autoridade da Assembleia para os grupos
parlamentares, destes para os partidos, dos partidos para os respectivos
directórios, destes para o eleitorado anónimo, em último recurso. A experiência
demonstra que de escalão em escalão o poder se degrada, se dissolve e que o
governo ou não é possível ou não é eficaz. Quando as dificuldades se acumulam,
a desordem cresce, a carência da autoridade torna a vida social precária e as
próprias liberdades políticas se transmudam em licença geral, elevam-se do país
vozes a reclamar um governo que governe. Costuma ser o fim de um processo; mas
parece que era por aí que se devia ter começado: haver um governo que governe.

Quando nas legislaturas
do período parlamentarista monárquico e republicano até 1926 se verifica terem
sido dissolvidas 86 por cento das assembleias políticas - umas vezes pela
força, outras por acto do Chefe do Estado - não pode crer-se nem que a
instituição se revelasse sempre incapaz da função legislativa nem que houvesse
sempre intervenções abusivas ou actos de força condenáveis à luz do interesse
nacional; mas que o sistema, ao proclamar o intento de pôr nas mãos do povo ou
do eleitorado - pobre povo e pobre eleitorado! - o governo da Nação, condenava
este à instabilidade, à agitação estéril, à inópia da autoridade. Por isso o
problema do governo é o problema central dos regimes políticos e um problema
vital das nações.

Vale a pena reflectir
mais uns instantes no assunto, examinando-o agora do aspecto partidário.



IV – O Regime e os
Partidos



Teoricamente os
partidos representam a agremiação de forças políticas que se constituíram à
volta de sistemas de princípios doutrinários ou de conjuntos de interesses quer
materiais quer morais, num e noutro caso para efectivação no governo.
Teoricamente ainda — o doutor Mário de Figueiredo versará com a habitual
profundeza este assunto - teoricamente ainda os programas partidários subentendem-se
como conjuntos de soluções para problemas concretos nacionais. Isto quer dizer:
o partido ao serviço da Nação. Sendo assim, conhecer-se-iam através da formação
de partidos as correntes de ideias ou sentimentos que atravessam a alma da
Nação, a força das suas aspirações, a importância das suas necessidades. Isto é
a teoria.

Na prática verifica-se
o seguinte:

Em numerosos países, e
em Portugal sem dúvida, a noção, o espírito, a finalidade dos partidos
corromperam-se e as agremiações partidárias converteram-se em clientelas,
sucessiva ou conjuntamente alimentadas pelo Tesouro. Findo o período romântico,
ou até antes disso, que se segue às revoluções ditas liberais do começo do
século XIX e em que os debates parlamentares revelavam com erudição e eloquência
preferência pelas grandes teses da filosofia política e as grandes aspirações
nacionais, a realização partidarista começou a envilecer-se. Duvido se alguma
vez representou o que se esperava; desde os meados do século passado até 1926 -
em monarquia e em república — a vida partidária tem seus altos e baixos, mas
deixa de corresponder aos interesses políticos e distancia-se cada vez mais do
interesse nacional. A fusão ou desagregação de partidos, as combinações
políticas são fruto de conflitos e de paixões, compromissos entre facções
concorrentes, mas nada têm que ver com o País e os seus problemas.

Aqui e além tenta-se
regulamentar, moralizar, constitucionalizar a vida partidária. Tudo embalde. Um
partido, vários partidos dispõem do poder - são governo; mas não se encontra,
como poderia supor-se, relação concreta nem entre os actos de governo e os
programas partidários nem entre os programas e as exigências da Nação. Nós
chegámos aos últimos extremos na república parlamentar, com cinquenta e dois
governos em menos de dezasseis anos de regime.

A única conclusão
possível é que a forma partidária faliu, e de tal modo que apregoá-la como
solução para o problema político português não oferece o mínimo de base
experimental que permita admiti-ia à discussão. Mas pode ir-se mais longe e
invocar para contraprova a experiência de mais de vinte anos de política sem
partidos, de política nacional simplesmente.

O espírito de partido
corrompe ou desvirtua o poder, deforma a visão dos problemas de governo,
sacrifica a ordem natural das soluções, sobrepõe-se ao interesse nacional,
dificulta, senão impede completamente, a utilização dos valores nacionais para
o bem comum. Este aspecto é para mim dos mais graves.

Vejo na minha frente os
mais variados, numerosos e intrincados problemas. O ritmo que a vida nacional
atingiu nos últimos anos multiplica-os quase ao infinito; a transformação e a
crise do Mundo emprestam a muitas questões alto grau de acuidade e delicadeza.
«Todos não somos demais.» Como pensaríamos que bastariam alguns, quando a parte
sã da Nação, os seus maiores valores intelectuais e morais já se verificou
exuberantemente não estarem dispostos a imiscuir-se na balbúrdia partidária e a
ideia dos «homens do partido» é por si exclusiva dos restantes? Só por esse
aspecto a política de partidos seria contrária à unidade nacional. Mas já vi
afirmado, já vi escrito, que é exactamente através da liberdade de organização
partidária que melhor se garantirá essa unidade. Há pois diversas maneiras de
ver as coisas; duvido se há mais de uma de as ver bem.

A experiência
portuguesa foi tão concludente e o último século tão desastroso; a Nação
habituou-se de tal modo a ser tratada como quem é e sem diferenciações
partidárias; a evolução política fez-se em tal sentido que verdadeiramente não
há que escolher senão entre organização e política nacional ou organização e
política de um só partido. Uma pergunta inocente: e qual seria, dentre os
grupos da Oposição?

Estas realidades
ilustram outro problema - o das liberdades - sobre que desejava também dizer
duas palavras.



V – O Regime e as
Liberdades



As liberdades que mais
interessam à vida política são: a liberdade de imprensa, de reunião e de
associação. Estão inscritas na Constituição em termos correntes, mas o seu
exercício está sujeito a condicionamentos que na prática limitam o seu campo de
utilização. Isto faz crer a alguns que não há liberdade em Portugal.

O exercício real das
liberdades públicas, como o funcionamento normal das instituições, pressupõem
um nível de educação cívica, um espírito de tolerância, uma noção de
responsabilidade e um sentido de justiça que não se equivalem em todos os
países. A liberdade não se mede pelos textos, mas pelos costumes.

O sistema partidário
vigente de 1910 a 1926 propunha-se sem dúvida conceder liberdade de associação,
e à sombra dela e das leis vivia nesta mesma cidade a Associação Católica. Uma
noite em que ali falei sobre o equívoco que então me parecia existir entre a
Democracia e a Igreja, juro que não pelo reflexo das minhas palavras, de modo
algum incendiárias, mas pelo fervor dos defensores da liberdade, esvaziaram
estes de todo o recheio útil a sede da instituição. Salvo e indemne daquela
prova, tive ocasião de admirar na rua com que zelo a polícia guardava as pernas
das cadeiras.

Havia o direito de
reunião. Sem dúvida. Mas ao iniciar-se um comício no claustro da Sé Nova de
Coimbra, para levar ao Governo respeitoso protesto contra a secularização de S.
João de Almedina, mal o primeiro orador dissera algumas palavras, logo grupos
de liberais invadiam o local e desfaziam a reunião. Surpreendi-me então ao ver
num dos grupos o meu sapateiro, que com igual proficiência se propunha
amolgar-nos as costelas e consertar-nos as botas.

Havia liberdade de
imprensa; havia mesmo a excelente liberdade de enxovalhar os Poderes Públicos,
injuriar os homens do Governo e denegrir a honra da Nação. Mas, sobretudo nos
primeiros anos, quando era possível às oposições fazer ressurgir do
empastelamento da véspera um tímido número de jornal, era caso grave conseguir a
sua exposição e anunciar a venda.

Neste quadro se vivia
em Portugal no que se refere a liberdades públicas, apenas efectivas para os
partidários do Governo.

As limitações actuais
às liberdades enunciadas acima provêm de duas fontes consagradas pelas leis ou
pela interpretação corrente: haver casos em que o seu exercício depende de
autorização; haver outros em que a autorização não será mesmo concedida. O
sistema não é perfeito e pode dar a impressão, inclusive a pessoas de boa fé,
de que a liberdade que usufruem não é um direito, mas uma concessão facultativa
da autoridade pública. Não defendo por isso as coisas como se encontram
actualmente — precisam de ser reformadas—, mas justifico as cautelas que tem
sido necessário tomar.

A generalidade dos
portugueses não teve nunca tanta liberdade como no actual regime, porque, nos
limites em que se concede, é igual para todos e efectivamente garantida. Assim
se compreende que a vida associativa se tenha multiplicado e intensificado e
que não se verifiquem entraves visíveis à vida corrente dos portugueses.
Simplesmente a associação para a política partidária, as reuniões para a
política partidária, a imprensa para a política partidária sofrem limitações,
coerentemente com a pretensão de curar do partidarismo doentio que a degradava
a sociedade portuguesa. Trata-se em verdade de um «regime de cura» e de
legítima defesa, em grau que não pode ser considerado superior às necessidades.

É natural que alguns
homens educados para a luta puramente política, as especulações demagógicas, as
exaltações emocionais das massas populares, e por esse motivo propensos a
reduzir a vida da Nação à agitação própria e das forças partidárias que lhes
restem, não tenham revelado compreensão nem dado mostras de adaptar-se. Mas a
Nação que faz livremente a vida que quer, a Nação viva e real, essa, comparando
passado e presente, olha com certa desconfiança o zelo destes apóstolos da
liberdade.



(Há no entanto duas
dificuldades graves que temos de considerar, embora não tenham recebido solução
cabal em qualquer regime. Refiro-me à prevenção dos possíveis desregramentos do
Poder e às garantias de comunicação recíproca entre o Poder e a Nação. Não
puderam resolvê-las os regimes baseados nos partidos, pelo artifício que
representam e pela paixão e acuidade das lutas políticas; e nos regimes de
partido único, e especialmente nos estados totalitários, não se descortina,
dentro da lógica pura, solução capaz.

O Poder precisa de
sentir-se limitado, agir sob limitações - as internas, provindas da própria consciência
dos governantes, da existência das leis e do regular funcionamento dos outros
órgãos da soberania; e as externas, provenientes do juízo público, duma opinião
que seja esclarecida e desapaixonada. A necessidade deste juízo pressupõe,
porém, a existência de meios e de liberdade suficiente para se exteriorizar. E
o mesmo se dirá do contacto, da comunicabilidade entre o Poder e a Nação.
Simplesmente penso que, se aqueles problemas vêm um dia, apesar da imperfeição
que marca toda a obra humana, a ter uma solução satisfatória, esta não advirá
do simples reconhecimento de direitos abstractos, mas há-de encontrar-se
através da organização das actividades nacionais, cuja representação venha a
ser junto do Estado, no Estado, o espelho e a síntese do sentir geral da Nação.



VI – O Regime e os
Trabalhadores



Falando numa cidade que
por antonomásia se chama a cidade do trabalho, poderia estranhar-se que não
dissesse uma palavra referente à atitude do regime para com os trabalhadores.

A mais expressiva prova
de respeito que podíamos dar pela liberdade e dignidade dos trabalhadores e de
zelo pelos seus interesses pareceu-nos ser não os considerarmos uma classe à
parte na sociedade portuguesa nem tentarmos lançar, com o seu apoio, uma
política de massas, para apressada satisfação de reivindicações sociais. A
primeira ideia não cabia na construção que tem por um dos seus lemas o trabalho
como dever social; a segunda não se afigurava conforme nem às origens do regime
nem ao conceito que fazemos da Nação e da política nacional. Sendo assim, a
massa trabalhadora ou, mais precisamente, o operariado não constitui para nós
nem individualmente nem cm conjunto matéria-prima para a vida política. Ele não
pode nem deve constituir um partido, porque não há partidos e porque entra,
através do regime corporativo, na formação do próprio Estado. Mas esta situação
arrasta consigo responsabilidades especiais e exige preocupação constante da
nossa parte para obviar às perigosas solicitações a que está sujeito.

A crise que parece ter
atingido mortalmente, fora da Inglaterra, os partidos socialistas europeus -
quer tivessem adoptado um vago socialismo de reivindicações sociais, quer, mais
audazmente, defendessem a socialização de alguns meios de produção -, essa
crise não se me afigura passageira: ela é, por um lado, reflexo da
deliquescência geral da política partidária e, por outro, resultante da própria
lógica socialista. A força das ideias e das posições tomadas dificilmente se
deteria a meio caminho e optaria mais tarde ou mais cedo pela conclusão final -
o comunismo ou o socialismo integral. As muito curiosas cisões ou ameaças de
cisão que se verificam em vários partidos socialistas traduzem a crise
provocada pelo conflito entre o espírito tradicional, que se esforça por manter
princípios basilares da actual organização económica e social, e o logicismo
revolucionário dos que pretendem chegar às últimas conclusões: todo o poder aos
sovietes.

De modo que o
operariado não tem diante de si senão duas perspectivas, quero dizer dois
caminhos - comunismo e corporativismo: o primeiro com posição definida quanto
aos meios de produção, quer esta se verifique mais conveniente quer menos para
a riqueza geral e para os mesmos trabalhadores; o segundo livre de escolher os
processos de maior rendimento colectivo e de maior beneficio para o operariado;
o primeiro obrigado, por força da socialização, a dirigir rigidamente a vida e
a suprimir toda a liberdade; o segundo assegurando, dentro do condicionalismo
da produção, os interesses materiais e morais do trabalho e respeitando a
liberdade do homem, do membro da família, do trabalhador, do cidadão; o
comunismo criando a miragem de os trabalhadores serem eles o Poder e o Estado;
o corporativismo dando-lhes a realidade da sua comparticipação no Estado e da
sua solidariedade com todos os outros portugueses nos interesses da Nação.

Nem sequer me permito
duvidar da escolha. Mas eu desejaria que da larga massa de reformas sociais
realizadas pelo regime, tranquilamente e em tempos não favoráveis para a
economia nacional, os trabalhadores, a quem nada peço senão compreensão e
patriotismo, fixassem o seguinte: primeiro, toda essa vasta obra se empreendeu
e levará a cabo só por força da política nacional que servimos, sem
solicitações de um partido ou pressão de organizações revolucionárias, os quais
enquanto existiram ou se impuseram nada conseguiram fazer; segundo, as
melhorias alcançadas estão em correspondência directa e em dependência absoluta
do ordenamento e produtividade da economia do País em que se integra o seu
trabalho. E oxalá que sobre as possibilidades dela, ainda muito limitadas, não
tenhamos lançado, impelidos pelo interesse de melhorar a situação dos
trabalhadores, encargos demasiados. Não o serão nunca se, partindo daquele
facto, nos resolvermos a trabalhar.)



VII – O Regime e a
Igreja



Portugal nasceu à
sombra da igreja e a religião católica foi desde o começo elemento formativo da
alma da Nação e traço dominante do carácter do povo português. Nas suas
andanças pelo Mundo - a descobrir, a mercadejar, a propagar a fé - impôs-se sem
hesitações a conclusão: português, logo católico. Tiveram o restrito
significado de lutas políticas, e não de questão religiosa, os dissídios dos
primeiros séculos entre os reis e os bispos e os que mais tarde envolveram os
governos e a Cúria. Na nossa história nem heresias nem cismas; apenas vagas
superficiais, que, se atingiam por vezes a disciplina, não chegavam a perturbar
a profunda tranquilidade da fé. A adesão da generalidade das consciências aos
princípios de uma só religião e aos ditames de uma só moral, digamos, a
uniformidade católica do País foi assim, através dos séculos, um dos mais
poderosos factores de unidade e coesão da Nação Portuguesa. Portanto factor
político da maior transcendência; e por esse lado nos interessa.

Em virtude daquela
mútua incompreensão a que aludira Garrett - nós não compreendemos o frade... -
o constitucionalismo recém-nascido destruiu as ordens religiosas, e com esse
golpe não só diminuiu o potencial humano de apostolado, mas as riquezas afectas
ao serviço religioso e às obras de assistência. Prudentemente, decerto para que
nem tudo se perdesse, alguns bens apareceram transferidos para o património do
Estado e dos políticos, mas a Igreja sofreu com o empobrecimento - que aliás é
o menos - e através das restrições do princípio associativo o mais duro golpe
do século. E pode dizer-se que não mais se refez.

A consequente baixa
cultura católica do povo não teve nos nossos dias senão um equivalente na
incultura religiosa da massa dos dirigentes. A Lei de Separação de 1911 é na
forma e na essência das disposições a tradução de um jacobinismo atrasado de
cem anos, que desconhecia tanto o fenómeno religioso em si mesmo como a
importância do factor católico na consciência nacional. A mesma possibilidade
da existência das missões católicas no ultramar que mais tarde se admitiu foi,
pelo seu cunho de transigência e pela inópia de meios, a confirmação de que era
adversa a finalidade geral. Numa Europa que, à parte a Espanha e porventura a
Itália, perdera a unidade da fé, mas em que a liberdade religiosa estava
legalmente assegurada, o Estado atribuiu-se em Portugal um fim teológico
negativo — desenraizar o catolicismo da alma do povo nalgumas gerações. E lá se
foi o resto dos bens.

Neste montão de escombros
materiais e morais a Concordata de 1940 deve ser considerada no domínio
religioso como a reparação possível das espoliações passadas e a garantia da
liberdade necessária à vida e disciplina da Igreja, ao exercício do culto e à
expansão da fé. Mantendo o principio da separação como mais consentâneo com a
divisão dos espíritos e a tendência dos tempos, ela dá à Igreja a possibilidade
de se reconstituir e mesmo de vir a recuperar por tempos o seu ascendente na
formação da alma portuguesa. Sob o aspecto político, a Concordata pretende
aproveitar o fenómeno religioso como elemento estabilizador da sociedade e
reintegrar a Nação na linha histórica da sua unidade moral.

Ora bem. A Igreja não
tomará, não pode tomar posição num debate político: mas os católicos não podem
manter-se indiferentes às suas consequências. Não vi ainda nada que
expressamente se referisse ao problema religioso; mas conhecemos os homens e as
suas ideias; sabemos das ligações e compromissos subterrâneos que mais uma vez
pretenderiam impor-se à Nação; vimos escrita a intenção genérica de destruir a
obra realizada nos últimos vinte anos. Não era porém necessário anunciar o
propósito: nem a questão religiosa seria reposta nos mesmos termos. Tornou-se
hoje corrente em muitos países que se deixam dominar pelas chamadas forças
libertadoras acusar Deus de conspirar contra o Estado...



VIII – O Regime e a
Sociedade Internacional



Como as outras nações,
Portugal não vive isolado no Mundo; tão-pouco o poderia lograr. As relações que
mantém, a colaboração que presta, os apoios de que dispõe derivam em parte da
sua índole e do conceito da vida internacional e, no mais, da extensão e
natureza dos interesses a defender como agregado político autónomo. Os
interesses, mesmo os de ordem moral, sobretudo para as pequenas potências,
circunscrevem-se ou definem-se num espaço determinado. E isto quer dizer que,
se a política internacional se prende por um lado às exigências da civilização,
é por outro determinada por factores geográficos dominantes.

Eu não suponho que
entre o regime actual e o que passou e se desejaria fazer reviver haja, no que
respeita aos princípios morais da ordem internacional, grandes diferenças.
Todos nos declaramos amigos da paz. prontos à colaboração entre as nações, sem
dependência de regimes ou de ideologias, dispostos a fazer decidir por meio de
arbitragem os litígios internacionais. Em princípio está certo, mas as
aplicações práticas, a solução dos problemas concretos podem variar ao infinito
e arrastar as mais graves consequências. Vou referir-me apenas a um ponto - a
admissão nas Nações Unidas e as relações com a Rússia. A Oposição dá às duas
questões sentido e alcance internos, e nada está mais longe da realidade dos
factos, nada se concebe mais contrário aos interesses da Nação.

No primeiro momento em
que lhe foi possível Portugal requereu a sua admissão às Nações Unidas. Devia
fazê-lo em obediência aos princípios constitucionais acima aludidos e que aliás
sempre estiveram no espírito e no procedimento histórico da Nação Portuguesa.
Isto não representa de modo algum acto de fé na consistência da organização e
na sua eficiência prática nem esperança de interesse directo ou indirecto na
admissão. É, sim e apenas, a homenagem devida a um pensamento generoso, ainda
que, no presente momento e no estado do espírito do Mundo, vagamente ingénuo; é
a concordância com o ideal de paz ou de confraternização geral dos povos, ainda
que se verifique longínquo e impossível de atingir. Não temos retirado a
candidatura por dois motivos: primeiro, porque os nossos deveres subsistem,
mesmo se outros não cumprem o seu; segundo, porque nos é agradável ver a Rússia
violar a Carta de cada vez que se nos opõe.

No meu modesto modo de
ver as nações iniciadoras do Pacto cometeram o erro, talvez inevitável, mas
previsível depois da experiência da Sociedade das Nações, de considerar as
Nações Unidas o fulcro de toda a vida de relação mundial e órgão supremo da
política internacional, sem poderem assegurar-lhe a necessária universalidade e
meios práticos de acção. Destas esperanças e desmedida ambição derivou outro
erro - a política de fazer ingressar e tornar dependentes da U. N. O. todas as
organizações e formas de colaboração internacional existentes, sem se saber
como garantir a participação dos estados, mesmo os não considerados membros das
Nações Unidas. (Não falamos de nós, que obtivemos o ingresso e colaboramos em
quase todos esses organismos.) De modo que os estados vieram a encontrar-se em
face das seguintes perspectivas: organismos internacionais de carácter técnico
jungidos à organização política, e desse modo sujeitos às repercussões das suas
crises e das suas conveniências; uma organização unitária de essência política
que não pode abarcar e muito menos resolver os problemas do Mundo.

Desta verificação se
deduziu já - e ainda bem - a necessidade de, sem contrariar a organização
abertamente, começar a fazer-se a desarticulação de problemas políticos
fundamentais, como os de defesa e os de reabilitação económica, para os tratar
em bases regionais ou de mais estreitas afinidades de interesses ou civilização
do que as que podiam encontrar-se no areópago universal, e até
independentemente de se pertencer ou não às Nações Unidas. Mas, se assim é,
quando se esboça o pensamento de concentrar toda a política externa portuguesa
na aliança com a Inglaterra e na admissão às Nações Unidas, o menos que se pode
dizer é que se está completamente fora das realidades e se está disposto a
sacrificar a ideologias ou conveniências partidárias os maiores interesses do Pais.

É por outro lado
ilusório pensar que podem ter resultado útil os esforços empregados por alguns
inimigos do regime no sentido de criar condições internas que permitam a
admissão de Portugal nas Nações Unidas, mesmo porque, além do mais, o problema
não é esse. Nós temos sido sucessivamente para os representantes russos o país
que se desconhece por não haver com ele relações diplomáticas, o país fascista
e por fim a nação semifascista que ajudou a Espanha no seu movimento
libertador. Mas, quando o Tribunal de Justiça Internacional decidiu não poder
fundamentar-se a exclusão de qualquer país senão em razões constantes da Carta,
os delegados russos foram então inteiramente francos: o veto é um instrumento
político e como tal o usamos. Tu dixisti. De modo que ressuscitar a
Constituição de 1911, com o seu partidarismo tumultuante, restabelecer mesmo
relações diplomáticas com a Rússia - tudo é para aquele efeito inoperante. A
questão é outra: fazer ou não fazer o jogo russo para a destruição da Europa e
a sovietização do Mundo; trair ou não trair na arrumação das forças os
interesses da civilização ocidental.



IX – O Regime e a sua
Evolução Futura



Embora convencido de
que a política se faz muito com o sentimento e pouco com a razão, eu não podia
deixar de apelar hoje sobretudo para a inteligência dos portugueses,
tratando-se de problemas de tão alta importância e que seria desastroso confiar
ao jogo das paixões.

Não há regimes eternos,
não há regimes perfeitos, não há regimes universais. Não há regimes eternos, mas
há regimes estáveis e instáveis; não há regimes perfeitos, mas há os que servem
e os que desservem as nações; não há regimes universais, mas há os que
consideram e outros que desconhecem a particularidade das circunstâncias e a
universalidade do factor humano.

(O que se pretende?
Que, tendo em atenção as qualidades e defeitos dos homens e da sociedade a que
se aplica, o regime realize, no máximo possível de ordem e de liberdade
individual, as condições necessárias ao progresso da vida colectiva.)

Temos de reconhecer que
não alcançámos ainda soluções satisfatórias para todos os problemas
constitucionais do regime, e só por esse motivo este deve admitir reformas mais
ou menos vastas. Isto é uma questão; outra é saber se está sujeito a revisões
sucessivas o conjunto dos seus princípios e dos seus caracteres essenciais. Se
isso pudesse, ser, é que o regime, em vez de saudável tendência para progredir
e aperfeiçoar-se, teria consagrado o princípio da sua mesma instabilidade e
desenvolvido no seu seio o germe da própria destruição. Todos, porém, estarão
de acordo em que este facto criaria à vida política nacional uma série de
crises lamentáveis sempre que se devesse recorrer ao eleitorado.

Os que, tendo servido
nas organizações políticas do passado, têm persistido em não dar ao País a sua
colaboração de homens públicos através da actual situação política. Só pensam
no retorno à livre organização dos partidos; e não há dúvida de que o excessivo
recurso ao eleitorado de tipo individualista lhes permite alimentar esperanças
de regressão. Mas não há também dúvida de que por tal caminho se assistiria de
novo à agitação e fragmentação partidária, à mesma desordem parlamentar, à
mesma instabilidade governativa, à mesma impotência constitucional ou efectiva
do Chefe do Estado. E esta seria ainda a melhor hipótese.

Não. O regime não tem
de destruir-se; tem de completar a sua evolução, e a crise actual patenteia a
todos essa necessidade. Não tem de admitir ou enxertar na sua estrutura os
princípios contrários, mas de desenvolver a aplicação dos próprios. E, não
devendo ser precipitada, essa evolução terá de realizar-se sem paragens e sem
hesitações. Pelo menos deverá ser esta a última vez em que é tecnicamente
possível um golpe de estado constitucional.



Sinto que me alonguei
demasiadamente e vou terminar.

Gostaria de ter-me
ocupado de questões de outra ordem, e muitas havia da maior importância para a
vida e o futuro da Nação. Mas vi-me obrigado a dar a primazia a problemas de
filosofia e organização política, por ser evidente que nas circunstâncias
presentes relevam a todos os outros. De facto, a sua solução em certo sentido
condiciona a possibilidade de solução dos restantes ou, pelo menos, não pode
independentemente dela esperar-se sejam salvaguardadas a vida, a ordem e a prosperidade
futuras da Nação.

A Oposição vai fazer a
sua campanha eleitoral, pregar, nos termos mais pacíficos já se vê, a sua
guerra civil. Suponho que pouco dirá de questões concretas e instantes da
Nação, porque não lho permitem a heterogeneidade dos seus elementos
constitutivos, as divergências ideológicas e o cuidado de não pôr a descoberto
o apoio dos comunistas. Vai por isso insistir especialmente na campanha da
liberdade, como único ponto possível de acordo, aliás provisório. Da liberdade
esperará que desabrochem depois espontaneamente a ordem, a prosperidade, as
soluções práticas dos problemas. Sendo assim, revelar-se-á que está
ultrapassada pelas ideias e realidades do nosso tempo e pertence ainda -
sombras vagas, errantes - a um passado que não pode ressuscitar.

E nós? Nós o que
prometemos? Nada senão, partindo do muito que fizemos, realizar o muito mais
que temos ainda que fazer. E, sacrificando aos caprichos dos homens algum tempo
precioso, esperamos que passe o aguaceiro, para continuar.



António de Oliveira
Salazar – 7 de Janeiro de 1949



Mais discursos:
https://archive.org/details/sa....lazar-discursos-e-no

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HardesFl
HardesFl
3 years ago

Sobre Mulheres.

de

Arthur Schopenhauer

Estas poucas palavras de Jouy, Sans les femmes le commencement de notre vie seroit privé de secours, le milieu de plaisirs et la fin de consolation, expressam mais exatamente, em minha opinião, o verdadeiro elogio da mulher do que o poema de Schiller, Würde der Frauen, que é fruto de muito pensamento cuidadoso e impressionante por causa de sua antítese e uso de contraste. A mesma coisa é mais pateticamente expressa por Byron em Sardanapalus, Act i, Sc. 2: -

"O primeiro
Da vida humana deve brotar do seio da mulher,
Suas primeiras palavras pequenas são ensinadas de seus lábios,
Suas primeiras lágrimas foram saciadas por ela, e seus últimos suspiros
Muitas vezes expirado na audição de uma mulher,
Quando os homens se encolheram com o cuidado ignóbil
De assistir a última hora daquele que os liderou. ”

Ambas as passagens mostram o ponto de vista correto para a valorização das mulheres.

Basta olhar para a forma de uma mulher para descobrir que ela não se destina a muito trabalho mental ou físico. Ela paga a dívida da vida não pelo que faz, mas pelo que sofre - pelas dores de ter filhos, cuidar da criança e sujeitar-se ao homem, de quem deve ser paciente e alegre companhia. As maiores tristezas e alegrias ou grande demonstração de força não são atribuídas a ela; sua vida deve fluir mais calmamente, mais suavemente e menos obstrusivamente do que a do homem, sem que ela seja essencialmente mais feliz ou infeliz.



As mulheres são adaptadas diretamente para atuar como enfermeiras e educadoras de nossa primeira infância, pela simples razão de que elas mesmas são infantis, tolas e míopes - em uma palavra, são crianças grandes por toda a vida, algo intermediário entre a criança e o homem, que é um homem no sentido estrito da palavra. Pense em como uma menina brinca dia após dia com uma criança, dança com ela e canta para ela; e então considere o que um homem, com as melhores intenções do mundo, poderia fazer em seu lugar.



Com as meninas, a Natureza teve em vista o que é chamado em sentido dramático de “efeito marcante”, pois ela as dotou por alguns anos de uma riqueza de beleza e uma plenitude de charme à custa do resto de suas vidas; de modo que durante esses anos eles possam enredar a fantasia de um homem a tal ponto que o faça correr para cuidar deles, de alguma forma, por toda a vida - um passo que não pareceria suficientemente justificado se ele apenas considerou o assunto. Conseqüentemente, a Natureza forneceu à mulher, assim como ao resto de suas criaturas, as armas e os implementos necessários para a proteção de sua existência e pelo período de tempo em que estarão a seu serviço; de modo que a Natureza procedeu aqui com sua economia usual. Assim como a formiga fêmea após o coito perde suas asas, que então se tornam supérfluas, ou melhor, perigosas para propósitos de procriação, também a mulher perde sua beleza depois de dar à luz a um ou dois filhos; e provavelmente pelos mesmos motivos.

Então, novamente, descobrimos que as jovens em seus corações consideram seus assuntos domésticos ou outros como coisas secundárias, se não como uma simples brincadeira. Amor, conquistas e tudo o que isso inclui, como vestir, dançar e assim por diante, eles dão muita atenção.



Quanto mais nobre e perfeita uma coisa, mais tarde e mais devagar ela atinge a maturidade. O homem atinge a maturidade de seu raciocínio e faculdades mentais mal antes dos vinte e oito anos; mulher aos dezoito anos; mas o dela é motivo de limitações muito estreitas. É por isso que as mulheres permanecem crianças por toda a vida, pois sempre vêem apenas o que está próximo, apegam-se ao presente, assumem a aparência de uma coisa por realidade e preferem as coisas triviais às mais importantes. É em virtude dos poderes de raciocínio do homem que ele não vive apenas no presente, como o bruto, mas observa e pondera sobre o passado e o futuro; e desta fonte de discrição, cuidado e aquela ansiedade que tão freqüentemente notamos nas pessoas. As vantagens, bem como as desvantagens, que isso acarreta, tornam a mulher, em conseqüência de seus poderes de raciocínio mais fracos, menos participante deles. Além disso, ela é intelectualmente míope, pois embora sua compreensão intuitiva perceba rapidamente o que está perto dela, por outro lado, seu círculo de visão é limitado e não abrange nada que seja remoto; portanto, tudo o que está ausente ou passado, ou no futuro, afeta menos as mulheres do que os homens. É por isso que têm maior inclinação para a extravagância, que às vezes beira a loucura. As mulheres em seus corações pensam que os homens têm a intenção de ganhar dinheiro para que possam gastá-lo, se possível durante a vida de seu marido, mas de qualquer forma após sua morte. Por outro lado, seu círculo de visão é limitado e não abrange nada que é remoto; portanto, tudo o que está ausente ou passado, ou no futuro, afeta menos as mulheres do que os homens. É por isso que têm maior inclinação para a extravagância, que às vezes beira a loucura. As mulheres em seus corações pensam que os homens têm a intenção de ganhar dinheiro para que possam gastá-lo, se possível durante a vida de seu marido, mas de qualquer forma após sua morte. Por outro lado, seu círculo de visão é limitado e não abrange nada que é remoto; portanto, tudo o que está ausente ou passado, ou no futuro, afeta menos as mulheres do que os homens. É por isso que têm maior inclinação para a extravagância, que às vezes beira a loucura. As mulheres em seus corações pensam que os homens têm a intenção de ganhar dinheiro para que possam gastá-lo, se possível durante a vida de seu marido, mas de qualquer forma após sua morte.

Assim que ele lhes dá seus ganhos para manter a casa, eles se fortalecem nessa crença. Embora tudo isso acarrete muitas desvantagens, ainda assim tem a vantagem de que a mulher vive mais no presente do que o homem e que gosta mais disso, se é que isso é suportável. Esta é a origem daquela alegria própria da mulher e que a torna apta a distrair o homem e, em caso de necessidade, a consolá-lo quando está oprimido pelos cuidados. Consultar mulheres em questões de dificuldade, como os alemães costumavam fazer nos velhos tempos, não é de forma alguma um assunto a ser negligenciado; pois sua maneira de apreender uma coisa é bem diferente da nossa, principalmente porque gostam do caminho mais curto para o ponto, e geralmente mantêm sua atenção fixa no que está mais próximo; enquanto nós, via de regra, vemos além dele, pela simples razão de que está debaixo de nosso nariz, então torna-se necessário sermos trazidos de volta à coisa para obter uma visão próxima e simples. É por isso que as mulheres são mais sóbrias em seus julgamentos do que nós e não vêem nas coisas nada mais do que realmente existe; enquanto nós, se nossas paixões são despertadas, exageramos um pouco ou aumentamos nossa imaginação.

É porque os poderes de raciocínio das mulheres são mais fracos que elas mostram mais simpatia pelos desafortunados do que os homens e, consequentemente, têm um interesse mais gentil por eles. Por outro lado, as mulheres são inferiores aos homens em questões de justiça, honestidade e consciência. Novamente, porque sua faculdade de raciocínio é fraca, as coisas claramente visíveis e reais, e pertencentes ao presente, exercem um poder sobre elas que raramente é neutralizado por pensamentos abstratos, máximas fixas ou resoluções firmes, em geral, em consideração ao passado e futuro ou por consideração pelo que está ausente e remoto. Conseqüentemente, eles têm as primeiras e principais qualidades da virtude, mas carecem das qualidades secundárias que muitas vezes são um instrumento necessário para desenvolvê-la. As mulheres podem ser comparadas a este respeito a um organismo que tem um fígado, mas não tem vesícula biliar.9 De modo que se descobrirá que a falha fundamental no caráter das mulheres é que elas não têm "senso de justiça". Isso decorre de sua deficiência na capacidade de raciocínio e reflexão já referida, mas também se deve em parte ao fato de que a natureza não os destinou, como o sexo mais fraco, a serem dependentes da força, mas da astúcia; é por isso que são instintivamente astutos e têm uma tendência indelével para mentir. Pois assim como os leões são equipados com garras e dentes, elefantes com presas, javalis com presas, touros com chifres e os chocos com seu fluido escuro e escuro, a Natureza forneceu a mulher para sua proteção e defesa com a faculdade de dissimulação, e todos o poder que a natureza deu ao homem na forma de força corporal e razão foi conferido à mulher nesta forma. Conseqüentemente, a dissimulação é inata na mulher e quase tão característica dos muito estúpidos quanto dos espertos. Conseqüentemente, é tão natural para as mulheres disfarçarem em todas as oportunidades quanto para os animais voltarem para suas armas quando são atacados; e sentem, ao fazê-lo, que em certa medida estão apenas fazendo uso de seus direitos. Portanto, uma mulher que é perfeitamente verdadeira e não dissimula talvez seja uma impossibilidade. É por isso que eles enxergam através da dissimulação nos outros com tanta facilidade; portanto, não é aconselhável tentar com eles. Do defeito fundamental que foi declarado, e tudo o que ele envolve, surgem a falsidade, a falta de fé, a traição, a ingratidão e assim por diante. Num tribunal de justiça, as mulheres são mais frequentemente consideradas culpadas de perjúrio do que os homens. Na verdade, é geralmente questionado se eles deveriam ser autorizados a prestar juramento. De vez em quando, há casos repetidos por toda parte de senhoras que não precisam de nada, embolsando e tirando coisas secretamente dos balcões das lojas.



A natureza tornou o chamado dos homens jovens, fortes e bonitos cuidar da propagação da raça humana; para que a espécie não degenere. Esta é a vontade firme da Natureza, e encontra sua expressão nas paixões das mulheres. Esta lei supera todas as outras em idade e poder. Ai, então, do homem que estabelece direitos e interesses de maneira a impedi-los; pois o que quer que ele faça ou diga, eles serão, no primeiro início significativo, impiedosamente aniquilados. Pois a moral secreta, não formulada, ou melhor, inconsciente, mas inata da mulher é: Temos justificativa para enganar aqueles que, porque se importam um pouco conosco, - isto é, com o indivíduo, - imaginam que obtiveram direitos sobre a espécie . A constituição e, conseqüentemente, o bem-estar da espécie, foram colocados em nossas mãos e confiados aos nossos cuidados por meio da próxima geração que procede de nós; vamos cumprir nossos deveres conscienciosamente.

Mas as mulheres não estão de forma alguma cônscias desse princípio condutor in abstracto, só têm consciência dele in concreto, e não têm outra maneira de expressá-lo senão pela maneira como agem quando chega a oportunidade. Para que sua consciência não os incomode tanto quanto imaginamos, pois nas profundezas de seus corações eles estão conscientes de que, ao violar seu dever para com o indivíduo, eles o cumpriram melhor para com a espécie, cuja reivindicação sobre eles é infinitamente maior. (Uma explicação mais completa sobre este assunto pode ser encontrada no vol. Ii., Cap. 44, em minha obra principal, Die Welt als Wille und Vorstellung.)

Porque as mulheres existem inteiramente para a propagação da raça, e seu destino termina aqui, elas vivem mais para a espécie do que para o indivíduo, e em seus corações levam os assuntos da espécie mais a sério do que os do indivíduo. Isso dá a todo o seu ser e caráter uma certa frivolidade e, no geral, uma certa tendência que é fundamentalmente diferente da do homem; e é isso que desenvolve aquela discórdia na vida de casado que é tão prevalente e quase normal.

É natural que exista um sentimento de mera indiferença entre os homens, mas entre as mulheres é uma inimizade real. Isso talvez se deva ao fato de que o ódio figulinumina, no caso dos homens, se limita a seus afazeres cotidianos, mas com as mulheres abrange todo o sexo; já que eles têm apenas um tipo de negócio. Mesmo quando se encontram na rua, eles se olham como guelfos e gibelinos. E é bastante evidente quando duas mulheres se conhecem pela primeira vez que elas exibem mais restrição e dissimulação do que dois homens colocados em circunstâncias semelhantes. É por isso que uma troca de elogios entre duas mulheres é muito mais ridícula do que entre dois homens. Além disso, enquanto um homem irá, via de regra, se dirigir aos outros, mesmo aqueles inferiores a si mesmo, com um certo sentimento de consideração e humanidade, é insuportável ver com que orgulho e desdém uma senhora de posição irá, na maior parte, se comportar para alguém que está em uma posição inferior (não empregado em seu serviço) quando ela fala com ela. Isso pode ser porque as diferenças de posição são muito mais precárias com as mulheres do que conosco e, conseqüentemente, mudam mais rapidamente sua linha de conduta e as elevam , ou porque embora cem coisas devam ser pesadas em nosso caso, há apenas uma a ser pesada no deles, a saber, com aquele homem que eles encontraram favor; e, novamente, por causa da natureza unilateral de sua vocação, eles se relacionam mais intimamente do que os homens; e assim é que eles tentam tornar proeminentes as diferenças de posição. Por causa da natureza unilateral de sua vocação, eles mantêm um relacionamento mais próximo um do outro do que os homens; e assim é que eles tentam tornar proeminentes as diferenças de posição. Por causa da natureza unilateral de sua vocação, eles mantêm um relacionamento mais próximo um do outro do que os homens; e assim é que tentam tornar proeminentes as diferenças de posição.



É apenas o homem cujo intelecto é obscurecido por seu instinto sexual que poderia dar àquela raça atrofiada, de ombros estreitos, quadris largos e pernas curtas o nome de belo sexo; pois toda a beleza do sexo é baseada neste instinto. Seria mais justo chamá-los de sexo antiestético do que de belo. Nem para a música, nem para a poesia, nem para as belas-artes têm algum sentido e suscetibilidade real ou verdadeira, e é mera zombaria de sua parte, em seu desejo de agradar, se afetam tal coisa.

Isso os torna incapazes de ter um interesse puramente objetivo por qualquer coisa, e a razão para isso, imagino, é a seguinte. Um homem se esforça para obter domínio direto sobre as coisas, seja por compreendê-las ou por compulsão. Mas uma mulher é sempre e em toda parte levada ao domínio indireto, a saber, por meio de um homem; todo o seu domínio direto sendo limitado apenas a ele. Portanto, está na natureza da mulher olhar para tudo apenas como um meio para ganhar o homem, e seu interesse em qualquer outra coisa é sempre um simulado, uma mera forma indireta de atingir seus objetivos, consistindo em coqueteria e fingimento. Daí Rousseau disse, Les femmes, en général, n’aiment aucun art, ne se connoissent à aucun et n’ont aucun génie (Lettre à d’Alembert, nota xx.). Todo aquele que pode ver através de uma farsa deve ter descoberto que esse é o caso. Basta observar a maneira como eles se comportam em um concerto, ópera ou peça; a simplicidade infantil, por exemplo, com que continuam tagarelando nas melhores passagens das maiores obras-primas. Se é verdade que os gregos proibiam as mulheres de ir à peça, eles agiram de maneira correta; pois de qualquer modo seriam capazes de ouvir algo. Em nossos dias, seria mais apropriado substituir taceat mulier no teatro por taceat mulier na eclésia; e isso talvez possa ser colocado em letras grandes na cortina.

Nada diferente pode ser esperado das mulheres, se tivermos em mente que as mais eminentes de todo o sexo nunca realizaram nada nas belas-artes que seja realmente grande, genuíno e original, ou dado ao mundo qualquer tipo de trabalho permanente valor. Isso é mais notável no que diz respeito à pintura, cuja técnica está tanto ao seu alcance quanto ao nosso; é por isso que o buscam tão diligentemente. Ainda assim, eles não têm uma única grande pintura para mostrar, pela simples razão de que lhes falta aquela objetividade mental que é precisamente o que é tão diretamente necessário na pintura. Eles sempre se atêm ao que é subjetivo. Por isso, as mulheres comuns não têm nenhuma suscetibilidade à pintura: for natura non facet saltum. E Huarte, em seu livro famoso por trezentos anos, Examen de ingenios para las scienzias, afirma que as mulheres não possuem as capacidades superiores. Exceções individuais e parciais não alteram o assunto; as mulheres são e continuam a ser consideradas, em conjunto, as filisteus mais completas e incuráveis; e por causa do arranjo extremamente absurdo que lhes permite compartilhar a posição e o título de seus maridos, são um estímulo constante para suas ambições ignóbeis. E, além disso, é por serem filisteus que a sociedade moderna, à qual dão o tom e onde dominam, se corrompeu. No que diz respeito à posição deles, devemos nos guiar pela máxima de Napoleão, Les femmes n’ont pas de rang; e a respeito deles em outras coisas, Chamfort diz muito verdadeiramente: Eles são feitos para trocar nossas fraquezas com nossa loucura, mas não com nossa razão. Existe entre eles e os homens simpatias da epiderme, e muito poucas simpatias de espírito, alma e caráter. Eles são o sexus sequior, o segundo sexo em todos os aspectos, portanto, suas fraquezas devem ser poupadas, mas tratar as mulheres com extrema reverência é ridículo e nos rebaixa a seus próprios olhos. Quando a natureza dividiu a raça humana em duas partes, ela não a cortou exatamente ao meio! A diferença entre os pólos positivo e negativo, de acordo com a polaridade, não é apenas qualitativa, mas também quantitativa. E era sob essa luz que os antigos e o povo do Oriente consideravam as mulheres; eles reconheceram sua verdadeira posição melhor do que nós, com nossas velhas idéias francesas de galanteria e veneração absurda, o mais alto produto da estupidez cristã-teutônica. Essas idéias só serviram para torná-los arrogantes e imperiosos, a ponto de lembrar às vezes os santos macacos de Benares, que, na consciência de sua santidade e inviolabilidade, pensam que podem fazer tudo e qualquer coisa que quiserem.

No Ocidente, a mulher, isto é, a “senhora”, encontra-se em uma posição falsa; pois a mulher, corretamente denominada pelos antigos sexus sequior, não é de forma alguma adequada para ser objeto de nossa honra e veneração, ou para ter sua cabeça mais alta do que o homem e ter os mesmos direitos que ele. As consequências dessa posição falsa são suficientemente claras. Consequentemente, seria uma coisa muito desejável se este Número Dois da raça humana na Europa recebesse sua posição natural, e a senhora reclamação fosse eliminada, o que não é apenas ridicularizado por toda a Ásia, mas teria sido igualmente ridicularizado pela Grécia e Roma. O resultado disso seria que a condição de nossos assuntos sociais, civis e políticos seria incalculavelmente melhorada. A lei sálica seria desnecessária; seria um truísmo supérfluo. A senhora européia, estritamente falando, é uma criatura que não deveria existir; mas deve haver governantas e meninas que desejam tornar-se assim; e eles devem ser educados não para serem arrogantes, mas para serem domesticados e submissos. É exatamente porque há mulheres na Europa que as mulheres de posição inferior, ou seja, a grande maioria do sexo, são muito mais infelizes do que no Oriente. Até mesmo Lord Byron diz (Letters and Papers, de Thomas Moore, vol. Ii. P. 399), Pensamento sobre o estado das mulheres sob os gregos antigos - bastante conveniente. Estado atual, um resquício da barbárie das idades cavalheiresca e feudal - artificial e antinatural. Eles devem cuidar de casa - e estar bem alimentados e vestidos - mas não misturados na sociedade. Também bem educado em religião - mas não para ler poesia nem política - nada além de livros de piedade e culinária. Música - desenho - dança - também um pouco de jardinagem e aração de vez em quando. Eu os vi consertando as estradas no Épiro com bom sucesso. Por que não, assim como a produção de feno e a ordenha?



Em nossa parte do mundo, onde a monogamia está em vigor, casar significa reduzir pela metade os direitos e dobrar os deveres. Quando as leis garantiram à mulher os mesmos direitos que o homem, também deveriam ter dado a ela um poder masculino de raciocínio. Pelo contrário, assim como os privilégios e honras que as leis decreta para as mulheres superam o que a Natureza lhes concedeu, também há uma diminuição proporcional no número de mulheres que realmente compartilham desses privilégios; portanto, os restantes são privados de seus direitos naturais, na medida em que os outros receberam mais do que os acordos da Natureza.

Para a posição não natural de privilégio que a instituição da monogamia, e as leis do casamento que a acompanham, atribuem à mulher, por meio da qual ela é considerada inteiramente como um equivalente pleno do homem, o que ela não é de forma alguma, causa inteligente e homens prudentes devem refletir muito antes de fazerem tão grande sacrifício e consentirem em um arranjo tão injusto. Portanto, enquanto entre as nações polígamas toda mulher encontra sustento, onde existe monogamia o número de mulheres casadas é limitado, e um número incontável de mulheres sem apoio permanece; os das classes superiores vegetam como velhas solteironas inúteis, os das classes inferiores são reduzidos a um trabalho muito árduo de natureza desagradável ou tornam-se prostitutas e levam uma vida tão triste quanto vazia de honra. Mas, nessas circunstâncias, eles torna-se uma necessidade para o sexo masculino; de modo que sua posição é abertamente reconhecida como um meio especial de proteger da sedução aquelas outras mulheres favorecidas pelo destino por terem encontrado maridos, ou que esperam encontrá-los. Só em Londres existem 80.000 prostitutas. Então, o que são essas mulheres que chegaram rápido demais a esse fim terrível, senão os sacrifícios humanos no altar da monogamia? As mulheres aqui referidas e que se encontram nesta posição miserável são o contrapeso inevitável à senhora europeia, com as suas pretensões e arrogância. Portanto, a poligamia é um benefício real para o sexo feminino, levando-o em conta. Só em Londres, há 80.000 prostitutas. Então, o que são essas mulheres que chegaram rápido demais a esse fim terrível, senão os sacrifícios humanos no altar da monogamia? As mulheres aqui referidas e que se encontram nesta posição miserável são o contrapeso inevitável à senhora europeia, com as suas pretensões e arrogância. Portanto, a poligamia é um benefício real para o sexo feminino, levando-a em conta. Só em Londres, há 80.000 prostitutas. Então, o que são essas mulheres que chegaram rápido demais a esse fim terrível, senão os sacrifícios humanos no altar da monogamia? As mulheres aqui referidas e que se encontram nesta posição miserável são o contrapeso inevitável à senhora europeia, com as suas pretensões e arrogância. Portanto, a poligamia é um benefício real para o sexo feminino, considerando-o como um todo. E, por outro lado, não há razão para que um homem cuja esposa sofre de uma doença crônica, ou permanece estéril, ou gradualmente se tornou muito velho para ele, não deva demorar um segundo. Muitas pessoas se convertem ao mormonismo pelas razões precisas de que condenam a instituição não natural da monogamia. A concessão de direitos não naturais às mulheres impôs-lhes deveres não naturais, cuja violação, entretanto, as torna infelizes. Por exemplo, muitos homens pensam que o casamento é desaconselhável no que diz respeito à sua posição social e posição monetária, a menos que ele contrate um casamento brilhante. Ele então desejará ganhar uma mulher de sua escolha em diferentes condições, a saber, sob aquelas que garantirão a segurança dela e de seus filhos. Se as condições forem justas, razoáveis ​​e adequadas, e ela consente em abrir mão daqueles privilégios indevidos que o casamento, como base da sociedade civil, sozinho pode conceder, ela deve, em certa medida, perder sua honra e levar uma vida de solidão ; já que a natureza humana nos torna dependentes da opinião dos outros de uma forma que é completamente desproporcional ao seu valor. Enquanto, se a mulher não consentir, ela corre o risco de ser obrigada a se casar com um homem de quem não gosta, ou de murchar e virar uma solteirona; pois o tempo que ela tem para encontrar um lar é muito curto. Em vista deste lado da instituição da monogamia, o tratado profundamente erudito de Thomasius, uma vez que a natureza humana nos torna dependentes da opinião dos outros de uma forma que é completamente desproporcional ao seu valor. Enquanto, se a mulher não consentir, ela corre o risco de ser obrigada a se casar com um homem de quem não gosta, ou de murchar e virar uma solteirona; pois o tempo que ela tem para encontrar um lar é muito curto. Em vista deste lado da instituição da monogamia, o tratado profundamente erudito de Thomasius, uma vez que a natureza humana nos torna dependentes da opinião dos outros de uma forma que é completamente desproporcional ao seu valor. Enquanto, se a mulher não consentir, ela corre o risco de ser obrigada a se casar com um homem de quem não gosta, ou de murchar e virar uma solteirona; pois o tempo que ela tem para encontrar um lar é muito curto. Em vista deste lado da instituição da monogamia, o tratado profundamente erudito de Thomasius, de Concubinatu, vale a pena ser lido, pois mostra que, entre todas as nações, e em todas as épocas, até a Reforma Luterana, o concubinato era permitido, não, que era uma instituição, em certa medida até reconhecida por lei e associada a nenhuma desonra. E manteve esta posição até a Reforma Luterana, quando foi reconhecida como outro meio para justificar o casamento do clero; então o partido católico não se atreveu a ficar atrasado no assunto.

É inútil discutir sobre a poligamia, ela deve ser tomada como um fato existente em todos os lugares, cuja mera regulamentação é o problema a ser resolvido. Onde estão, então, quaisquer monogâmicos reais? Todos nós vivemos, pelo menos por um tempo, e a maioria de nós sempre, em poligamia. Conseqüentemente, como cada homem precisa de muitas mulheres, nada é mais justo do que deixar que ele, ou melhor, lhe incumbir o sustento de muitas mulheres. Por este meio, a mulher será trazida de volta ao seu lugar natural e adequado como um ser subordinado, e a senhora, aquele monstro da civilização europeia e da estupidez cristã-teutônica, com sua ridícula reivindicação de respeito e veneração, não existirá mais; ainda haverá mulheres, mas não mulheres infelizes, de quem a Europa está cheia neste momento. O ponto de vista dos mórmons está certo.



Na Índia, nenhuma mulher é independente, mas cada uma está sob o controle de seu pai ou marido, ou irmão ou filho, de acordo com a lei de Manu.

É certamente uma ideia revoltante que as viúvas devam se sacrificar pelo cadáver de seu marido; mas também é revoltante que o dinheiro que o marido ganhou por trabalhar diligentemente por toda a vida, na esperança de que ele estava trabalhando para seus filhos, tenha sido desperdiçado com os amantes dela. Medium tenuere beati. O primeiro amor de uma mãe, como o dos animais e dos homens, é puramente instintivo e, conseqüentemente, cessa quando a criança não está mais fisicamente desamparada. Depois disso, o primeiro amor deve ser restabelecido por um amor baseado no hábito e na razão; mas isso muitas vezes não aparece, especialmente quando a mãe não amou o pai. O amor de um pai pelos filhos é diferente e mais sincero; baseia-se no reconhecimento de seu próprio eu interior na criança e, portanto, é metafísico em sua origem.

Em quase todas as nações, tanto do novo como do velho mundo, e mesmo entre os hotentotes, a propriedade é herdada apenas pelos descendentes do sexo masculino; só na Europa se partiu disso. Que a propriedade que os homens têm com dificuldade adquirida por luta e trabalho árduo e continuada deve depois cair nas mãos de mulheres, que, por falta de razão, ou a esbanja em pouco tempo ou de outra forma a desperdiça, é uma injustiça, pois ótimo, pois é comum e deve ser evitado limitando o direito das mulheres de herdar. Parece-me que seria melhor se as mulheres, viúvas ou filhas, herdassem apenas o dinheiro vitalício garantido por hipoteca, mas não a própria propriedade ou o capital, a menos que não houvesse descendência masculina. São os homens que ganham o dinheiro e não as mulheres, portanto as mulheres não têm justificação para possuí-lo incondicionalmente nem são capazes de administrá-lo. As mulheres nunca devem ter a livre distribuição de riquezas, estritamente assim chamadas, que podem herdar, como capital, casas e propriedades. Eles precisam de um guardião sempre; portanto, eles não devem ter a guarda de seus filhos em quaisquer circunstâncias. A vaidade das mulheres, mesmo que não deva ser maior do que a dos homens, tem esse mal em si, que é dirigida às coisas materiais - isto é, à sua beleza pessoal e então aos enfeites, pompa e ostentação. É por isso que eles estão em seu elemento certo na sociedade. É isso que os torna inclinados a ser o que podem herdar, como capital, casas e propriedades. Eles precisam de um guardião sempre; portanto, eles não devem ter a guarda de seus filhos em quaisquer circunstâncias. A vaidade das mulheres, mesmo que não deva ser maior que a dos homens, tem esse mal em si, que é dirigida às coisas materiais - isto é, à sua beleza pessoal e então aos enfeites, pompa e ostentação. É por isso que eles estão em seu elemento certo na sociedade. É isso que os torna inclinados a ser o que podem herdar, como capital, casas e propriedades. Eles precisam de um guardião sempre; portanto, eles não devem ter a guarda de seus filhos em quaisquer circunstâncias. A vaidade das mulheres, mesmo que não deva ser maior que a dos homens, tem esse mal em si, que é dirigida às coisas materiais - isto é, à sua beleza pessoal e então aos enfeites, pompa e ostentação. É por isso que eles estão em seu elemento certo na sociedade. É isso que os torna inclinados a se basear em sua beleza pessoal e, em seguida, em enfeites, pompa e ostentação. É por isso que eles estão em seu elemento certo na sociedade. É isso que os torna inclinados a se basear em sua beleza pessoal e, em seguida, em enfeites, pompa e ostentação. É por isso que eles estão em seu elemento certo na sociedade. É isso que os torna inclinados a ser extravagantes, especialmente porque possuem pouco poder de raciocínio. Consequentemente, um escritor antigo diz: [Grego: Gunae to synolon esti dapanaeron physei] .10 A vaidade dos homens, por outro lado, é muitas vezes direcionada para vantagens imateriais, como intelecto, aprendizado, coragem e semelhantes. Aristóteles explica na Política11 as grandes desvantagens que os espartanos trouxeram para si mesmos ao conceder muito às suas mulheres, ao permitir-lhes o direito de herança e dote, e uma grande quantidade de liberdade; e como isso contribuiu muito para a queda de Esparta. Não pode ser que a influência das mulheres na França, que tem vindo a aumentar desde a época de Luís XIII, tenha sido a culpada pela corrupção gradual da corte e do governo que levou à primeira Revolução, da qual todos os distúrbios subsequentes foram o resultado? Em todo caso, a falsa posição do sexo feminino, tão visivelmente exposta pela existência da “senhora”, é um defeito fundamental em nossa condição social, e esse defeito, procedente do próprio seio, deve estender sua influência nociva em todas as direções. Essa mulher é, por natureza, destinada a obedecer, é demonstrado pelo fato de que toda mulher colocada na posição não natural de independência absoluta se liga imediatamente a algum tipo de homem, por quem é controlada e governada; isso é porque ela precisa de um mestre. Se ela for jovem, o homem é um amante; se ela for velha, um padre.

9 Permitam-me referir-me ao que disse em meu tratado sobre o fundamento da moral, §71.

10 Poeta grego Gnomici de Brunck v. 115.

11 Bk. I., ch. 9



Voltei, é isso.
Espero que leiam todos os dias, para sabe, e relembrar, quem está do seu lado, quem são as mulheres, e os homens.
Gravem em um lugar, e quando precisarem, leiam, e releiam.
Foi um prazer.
?


MGTOW pecado da sabedoria.

Esteve aqui.

END

...

No final de tudo, não julguem.
Analise e questionem.

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